Como em toda escola cervejeira tradicional, existe os “porquês” das coisas terem acontecido como de fato aconteceram. Na Escola tradicional Inglesa não foi diferente.
Origem da Escola Inglesa
Pra começo de conversa, os ingleses faziam cerveja no verão e, diante dessa situação, os micro-organismos que fermentavam suas cervejas eram Ales, não Lagers.
Além disso, as cepas de leveduras inglesas tinham por característica fundamental a baixa capacidade de esterificação, ou seja, não geravam aromas frutados nas cervejas… As leveduras primitivas inglesas tinham também a capacidade de atenuar a fermentação em níveis bem baixos de açúcar residual, o que trazia como característica forte dessa escola, cervejas de paladar bem seco.
Aliado a estas situações, os ingleses na época faziam a malteação da cevada e conseguiam obter um resultado de baixa coloração das cascas, tendo como resultado uma cerveja levemente acobreada e com baixa interferência caramelizada.
Antes da evolução da malteação para maltes bases claros, os malteiros britânicos eram, no mundo, aqueles que produziam malte com menor caramelização, ou seja, alteração da coloração da casca do malte. Assim sendo, as Bitters inglesas eram as cervejas mais claras da europa.
Evolução da Escola Inglesa
Após o século XV, a tradição do cultivo do lúpulo passou também a ser marca forte nessa escola, pois Winchester foi o primeiro lugar no planeta a plantar lúpulo em larga escala para comercialização. Essa vocação levou os ingleses a naturalmente introduzirem a planta nas suas receitas com bastante volume, produzindo assim as famosas Bitters inicialmente, posteriormente vieram as outras classificações Pale Ale entre elas a IPA.
A IPA – India Pale Ale surgiu para o mundo em decorrência da colonização da Índia. Na ocasião as Bitters estavam tendo problemas para fazer a longa viagem pra Índia, não chegando em seu destino inteiras, acabavam estragando.
Por esse motivo os Mestres Cervejeiros britânicos desenvolveram um novo padrão de receita, mais amarga (mais lúpulo) e mais alcoólica (mais malte) que passou assim graças a essa maior complexidade, a conseguir chegar em seu destino intacta, sem contaminações. As razões são muito óbvias, afinal o álcool e o amargor são condições longe das ideias para o desenvolvimento e manutenção de colônias de bactérias.
Variantes da Escola Inglesa
Existem também as famosas London Porter, cervejas escuras largamente consumida por toda população britânica, cuja popularidade gerou diferentes interpretações do estilo, como a Brown Porter, Baltic Porter e a Robust Porter.
A Porter é a cerveja precursora do estilo conhecido hoje como Stout e todas as suas interpretações.
A Stout (que em inglês quer dizer robusto) nasceu da ideia de recriar a popular London Porter, porém a cópia feita possuía a “cara” da Irlanda, porém menos alcoólica, com pouco corpo e moderada carbonatação, tendo como ícone a marca Guinness, hoje disseminada em toda extensão do planeta.
Os ingleses também criaram cervejas que são a base para algumas das mais fortes e peculiares cervejas feitas até hoje. Como é o caso das Barley-Wines, IPAs e Imperial Stouts.
Outra característica da Escola Inglesa é que as cervejas tendem a ser levemente descarbonatadas (com menos gás) e mais fortes em sabor, amargor e teor alcoólico. Os estilos mais comuns por lá são: Pale Ale, Porter, Stout, Barleywine, Bitter, Brown Ale e a famosa IPA (Indian Pale ALE).
Mas, incomodados com a falta de opção e qualidade, fez-se um movimento em que hoje tem-se diversas cervejarias locais fazendo cervejas de alta qualidade e até inovadoras, como a escocesa Brewdog que sempre inova com muita qualidade.
Se você curtiu saber mais sobre a Escola Inglesa, não deixe de conhecer também a força e a tradição da Escola Alemã!
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